O cenário mundial protagonizado pela pandemia de Covid-19, além de ter mudado paradigmas estabelecidos no comércio exterior, também revelou ou agravou os gargalos existentes nos processos inerentes às relações comerciais internacionais.
A reabertura de importantes portos de países desenvolvidos, o deslocamento de embarcações para esses locais em detrimento de terminais menos rentáveis e a escassez de containers são exemplos de fatores que impactaram diretamente o valor do frete e o preço final de produtos para o consumidor.
Diante dessa realidade, o que se pode esperar para o ano de 2022?
Neste artigo, queremos apresentar algumas tendências para o comércio exterior nesse ano que se inicia e como elas podem impactar a logística de operação.
Panorama atual no comércio exterior
Antes de apresentar as tendências comerciais para os próximos meses, é importante que se tenha em mente que a maior parte das condições que se estabeleceram durante os últimos dois anos não serão plenamente solucionadas durante 2022.
Então, o longo tempo de espera para embarque nos portos, cerca de 175% maior que antes da pandemia, segundo a ABTCC (Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Empresas Transportadoras de Contêineres) e, consequentemente, o maior volume de cargas para exportação retidas, por exemplo, continuarão fazendo parte do cenário do transporte marítimo em 2022.
Contudo, em meio às dificuldades que permeiam o cotidiano especialmente dos envolvidos na gestão do comércio exterior, há bons sinais para o setor.
Sinais positivos para 2022 no comércio internacional
Segundo a Euler Hermes, a estimativa de crescimento do Comércio Internacional, será de 5,4% e 4,0% para os anos de 2022 e 2023, respectivamente. O que corrobora com as expectativas de crescimento do comércio global da OMC (Organização Mundial do Comércio) – 4,7% –, e da Center for Economics and A Business Research (CEBR), da Universidade de Indiana, nos EUA, que espera 4,0%, para esse ano.
Ou seja, o boom do comércio mundial em 2021 tem projeções de continuar nos próximos anos, somando-se a isso, a Câmara de Comércio dos Estados Unidos prevê que o país apresente um crescimento econômico mais robusto em 2022, algo que associado ao aumento de 7% do PIB americano no último trimestre , estimulado pelos pacotes do governo indica que o setor de comércio internacional deve ter boas expectativas para o futuro.
Ao olharmos para a realidade brasileira, o comércio exterior para 2022 também encontra sinais promissores diante das seguidas quebras de recorde de exportação do setor agropecuário do País; em dezembro de 2021 o valor foi de US$ 9,8 bilhões, superando em 37% os valores alcançados no mesmo mês em 2020 e contribuindo para o alcance da marca de 120 bilhões de dólares em exportações no ano que acabou de encerrar, cifras quase 20% maiores que as do ano anterior.
Quais são as tendências para o comércio exterior?
Finalmente, vamos abordar as tendências para este ano em relação ao comércio exterior:
A desburocratização para o comércio exterior no Brasil.
Essa é uma tendência que encontra respaldo nos dados do Anuário do Comércio Exterior, que indica um movimento de redução na burocracia relacionada ao comércio internacional, através da tomada de medidas alinhadas à Lei de Liberdade Econômica e decretos que visam melhorar as normas do setor.
Como resultado destas ações, por exemplo, pode-se citar uma redução no estoque de licenças emitidas em torno de 52% e uma diminuição de custos na casa de R$ 52 milhões em taxas para operadores privados. Tais mudanças fazem parte de um processo iniciado em 2014 com o lançamento do Portal Único.
Novo processo de Importação
Na esteira da busca por tornar o País mais competitivo e atrativo no comércio exterior, o governo brasileiro tem estabelecido mudanças nas regras do processo de importação, um conjunto de alterações conhecido como NPI (Novo Processo de Importação), que teve o início de sua implementação em outubro de 2018 e ganhou uma expansão em julho de 2021.
Para se ter uma dimensão dos benefícios do Novo Processo de Importação, projeta-se um incremento de entre 6 e 7% por ano na corrente de comércio, segundo dados da FGV; além de uma redução no tempo médio dos prazos de trânsito de mercadorias
Diante dessa evolução no cenário do comércio internacional no Brasil, é fundamental que os gestores verifiquem o enquadramento e adesão ao regime especial correto para o seu negócio. Pois, além das oportunidades advindas com o NPI, as empresas podem beneficiar-se de vantagens fiscais, como isenção parcial ou total de impostos, além da possibilidade de exceção de uma obrigação tributária.
Portanto, inseridos num ambiente de concorrência global, conhecer e escolher entre os 17 tipos de regimes aduaneiros – dos quais os mais conhecidos são o Repetro, o RECOF e o Drawback – pode ser um meio de conquistar vantagens competitivas no comércio internacional.
Redução de impacto no meio ambiente
Uma das tendências do comércio exterior para 2022 diz respeito à sustentabilidade e aos cuidados com o meio ambiente. Especialmente, diante da adesão de várias nações à Agenda 2030 da ONU, que possui, ao menos, sete metas voltadas ao combate dos impactos negativos causados ao meio ambiente.
Ainda que tenha 59% do território de área florestal, o Brasil está no centro das atenções quanto ao equilíbrio entre meio ambiente e economia, a despeito do papel preponderante do País no fornecimento de alimentos no mercado global.
Neste sentido, de maneira global, as empresas de comércio exterior, com destaques para os armadores, são direcionadas para práticas voltadas à preservação ambiental, impulsionadas, por exemplo, pelas novas determinações da IMO ( traduzido do inglês: Organização Marítima Internacional) que estabeleceu novos limites para de lançamento de enxofre, pela queima de combustível, na atmosfera.
Esta mudança na relação com a questão ambiental pode ser confirmada pela expectativa de aumento de importações de bens voltados para a produção de energia renovável, cujo uso no Brasil é cerca de quatro vezes maior que no resto do mundo
Cadeia de suprimentos
As dificuldades impostas pelas consequências da pandemia impactaram diretamente a Cadeia de Suprimento, que consiste na integração de todas as atividades envolvidas no processo que contempla desde a obtenção de matéria prima até a venda do produto ao consumidor final.
Como dito no início, os gargalos no comércio internacional foram revelados ou agravados nos últimos dois anos, com isso uma Gestão de Cadeia de Suprimentos (GCS) que se adeque rapidamente às mudanças repentinas da realidade pode ser um fator decisivo para determinação de uma vantagem competitiva, principalmente porque a GCS tem com um de seus objetivos a redução de custo.
Além disso, recorrer a soluções tecnológicas para o Supply Chain Management (origem em inglês do termo GCS) tornou-se uma tendência imprescindível no comércio exterior, pois auxilia no aumento da eficiência da gestão.
Logística elástica
Ao mesmo tempo que uma rápida adequação ao surgimento de dificuldades que afetam a Cadeia de Suprimento apresenta-se como uma vantagem competitiva, a flexibilidade da logística diante da volatilidade da demanda configura-se uma importante tendência para o comércio internacional em 2022.
Para esse ano, portanto, têm-se a expectativa que as empresas busquem desenvolver a capacidade de seu sistema logístico para estar preparado para o aumento ou a diminuição das necessidades do Supply Chain, a fim de reduzir o desperdício e estoques.
Aqui a utilização de recursos tecnológicos como softwares, ferramentas e soluções IoT faz-se cada vez mais urgente para alcançar uma simplificação na comunicação e nos processos logísticos, uma maior controle nos procedimentos, além de auxiliar na previsão de movimentos de demanda.
Trabalho remoto e a área de comércio exterior
Com o advento da pandemia, o setor de comércio exterior, tal como diversos outros setores, teve a necessidade de adotar o trabalho remoto para a realização de suas atividades, segundo dados da FIA (Fundação Instituto de Administração), 46% das empresas optaram por esse modelo.
Contudo, mesmo com a diminuição das restrições, muitos negócios não pretendem abandonar totalmente essa forma de trabalho, algo que engloba as companhias de comércio internacional, independentemente de seu porte. Afinal, já há recursos tecnológicos, como o da Receita Federal que possibilita a vistoria de contêineres remotamente.
A produtividade, entretanto, das atividades do comércio exterior em home office está diretamente atrelada aos recursos tecnológicos disponibilizados para a execução das tarefas diárias.
Dessa forma; além das práticas profissionais adequadas para esse modelo: gestão e liderança eficazes, comunicação eficiente com os clientes, organização do trabalho, atenção aos protocolos e segurança; torna-se fundamental dispor de plataformas e softwares de qualidade que possibilitem uma produtividade consistente do trabalho remoto.
Transformação digital e a importância de ferramentas eficazes de comércio exterior
As iniciativas do próprio governo em direção à implantação de recursos tecnológicos que tornem os procedimentos de importação e exportação mais céleres e efetivos – Portal Siscomex e DUIMP ilustram esse movimento, além dos investimentos das próprias empresas em soluções digitais que a tornem mais competitivas e alinhadas com as demandas atuais, são indicadores da acelerada transformação digital no setor.
Entretanto, paralelamente a esse fenômeno de transformação, cresce a necessidade de dispor de ferramentas eficazes que garantam a execução das atividades do comércio exterior de maneira segura e precisa: plataformas confiáveis, com variedade funcionalidades e adaptáveis à realidade de cada negócio configuram-se como a meio pelo qual a gestão de comércio exterior seja eficiente.
A escolha adequada das ferramentas tecnológicas tornará possível automatização de atividades repetitivas, melhoria na comunicação e no controle de processos e otimização das tarefas intrínsecas ao comércio internacional.
Tecnologia e pessoas
A garantia da competitividade das empresas de comércio exterior passa necessariamente pela integração irreversível de recursos tecnológicos que gerem eficácia e produtividade às suas atividades.
Com o uso cada vez maior de soluções que envolvem a automatização de processos, aplicação de Inteligência Artificial (IA) e implementação da Internet das Coisas (IoT) haverá uma redução natural de recursos humanos.
Contudo, as empresas não podem ser indiferentes tanto à importância da atividade humana no comércio exterior, como à necessidade de investir na capacitação dos colaboradores, no estabelecimento de estratégia de direcionamento para tarefas mais especializadas dos profissionais e nas melhorias das condições de trabalho oferecidas.
Esse amálgama entre recursos tecnológicos e capital humano é fator inegociável para que as empresas cresçam em produtividade e competitividade, e, dessa forma, aumentando a possibilidade de tornarem-se players de sucesso no comércio exterior.
No entanto, em um cenário de concorrência acirrada e de grandes desafios relacionados à situação atual desenvolvida pela pandemia e à transformação digital no comércio exterior, contar com especialistas que auxiliem na adequação da empresa às demandas da realidade corporativa é primordial.
Nós da NGR Global contamos com profissionais capacitados e com larga experiência no desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas para o comércio corporativo global, o que nos permite oferecer serviços que tornem a gestão de comércio internacional efetiva e precisa, mantendo a organização à frente do mercado.
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