Desafios de gestão de exportação do agronegócio

Tecnologia para gestão de processos de comércio exterior! Sim, é possível (e aconselhável).

Por incrível que pareça, o nosso artigo não tratará sobre “como é importante o agronegócio” ou “a influência das commodities” para o Brasil. Existem pessoas bem mais capacitadas que nós para tratar sobre esses pontos.

Portanto, qual é o objetivo do artigo? Falaremos um pouco mais sobre os desafios presentes para gerir as exportações de produtos agropecuários. Alguns deles são similares (se não iguais) à maioria dos exportadores.

Apesar de existirem inúmeros bons artigos quanto à importância do agronegócio, não podemos deixar de mencionar algumas estatísticas.

Segundo o Indicador de Comércio Exterior (ICOMEX) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), as exportações de commodities representaram 70% das vendas externas brasileiras entre os meses de junho de 2019 e 2020.

Esses resultados levam o setor agropecuário a ser, de modo disparado e isolado, o principal responsável pela dinâmica das exportações brasileiras na atualidade. A lista dos dez produtos mais exportados tem sido dominada, há alguns anos, por produtos agropecuários.

A título de comparação, segundo o Relatório de Estatísticas de Comércio de 2020 da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2019, o Brasil foi apenas o 27º lugar no ranking mundial de maiores exportadores de bens, representando 1.2% das exportações internacionais.

Entretanto, excluindo a União Europeia “como um país”, em relação aos produtos agropecuários, o Brasil é o segundo maior exportador mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. O market share brasileiro é de 5%. Conclui-se, dessa maneira, que o Brasil estaria em maus lençóis, no que tange a exportações, se não fosse o peso do agronegócio.

Mas, engana-se quem considera o agronegócio brasileiro como meros exportadores de commodities. Para alcançar essa competitividade, grandes investimentos em tecnologias foram realizados durante décadas.

A estruturação de centros de pesquisa e desenvolvimento e a rápida adesão de novas tecnologias da Revolução 4.0, como data analytics, Internet das Coisas e machine learning, principalmente no que tange ao aprimoramento de predições, são exemplos da alta capacidade e do amplo preparo do agronegócio brasileiro, tornando-se um dos líderes mundiais em produção e, consequentemente, em exportações.

Apesar de notarmos o crescimento até mesmo de startups voltadas ao agronegócio, que incluem desde marketplace para exportação a softwares de gestão agrícola (semelhantes a ERPs), percebemos que as empresas agropecuárias têm persistido em não considerar a gestão de processos de comércio exterior como uma prioridade de evolução.

De uma certa maneira e infelizmente, nesses departamentos, a Transformação Digital não chegou, mesmo nas grandes empresas exportadoras desse setor.

Em 2017, o Novo Processo de Exportação foi implementado, forçando a integração entre as Notas Fiscais de Exportação (NF-e) e a Declaração Única de Exportação (DU-E). De modo generalizado, essa virada de chave se mostrou um pesadelo para as empresas desse setor.

Entretanto, o pesadelo tem continuado desde lá. Imaginemos uma empresa que movimenta produtos agropecuários por cinco portos (considerando esse setor, estamos falando de uma “média”, portanto).

Se esse exportador não possui um bom sistema de controle sobre as exportações, alguns dos problemas surgirão, tais como:

  • Supondo que a empresa possui “somente” 100 embarques diários (caminhões). É altamente provável que não seja possível obter a informação em tempo real do momento em que o caminhão é carregado na origem e descarregado no destino.
  • Dificilmente, a empresa saberá com exatidão quais são as NF-es que cada caminhão está carregando e movimentando. Consequentemente, ela não conseguirá elaborar a DU-E de modo prévio.
  • Se a empresa não possuir uma integração sistêmica com o operador portuário, ela precisará controlar através de telefonemas e e-mails para saber quanto foi descarregado no armazém ou, até mesmo, diretamente no navio.
  • Se essa empresa, por um acaso, tiver alugado um navio apenas para o próprio carregamento, os analistas dificilmente saberão, de modo preciso, qual é o volume que está em trânsito e quanto está à espera no armazém portuário. Isso pode atrasar o carregamento do navio, o que custará vários milhares de dólares. Se a alternativa for a carga estar toda armazenada previamente, existem grandes chances de que a mercadoria apresente algum tipo de deterioração.

De modo complementar ao supracitado problema das Notas Fiscais, frequentemente, as Notas que acompanham o transporte não são efetivamente as mesmas que serão indicadas na DU-E.

Portanto, essas empresas necessitam de cruzamento automático dessas Notas, que estão acompanhando o transporte, com as Notas Fiscais de Exportação para que essas sejam vinculadas corretamente na DU-E.

Essa situação ocasiona: mais tempo dedicado a retificações a posteriori; atrasos na elaboração desse último documento; dificuldades para o encerramento dos processos de exportação; a maior seleção de processos a canais diferentes de verde; e, principalmente, expõe fiscalmente a empresa a multas pelos órgãos (que auditores da Receita Federal e da Receita Estadual não leiam este artigo).

Além dessas dificuldades, essas empresas, mesmo as grandes, também têm dificuldades, como:

  • Controle do status dos processos em planilhas gigantescas. Não precisamos nem mencionar o risco que isso traz de digitação equivocada ou de alguém esquecer de atualizar, certo?
  • Fatura e Certificados de cada processo sendo guardados em e-mails ou em drives específicos, sem vínculo mais rastreável quanto ao processo que nasceu no ERP.
  • Imensa perda de tempo para gerar indicadores.

Quando pensamos na gestão de exportações, não é suficiente apenas tornar a logística eficiente, apenas possuir um excelente despachante aduaneiro ou possuir extraordinários contratos de frete.

Os exportadores de produtos agropecuários também deveriam buscar a gestão automatizada de informação e de documentos, o que fatalmente levará à maior conformidade, ao menor retrabalho e a fazer com que um(a) analista realmente analise os processos, não apenas digite e controle planilhas.

Devemos lembrar que os sistemas da Receita Federal, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, das Receitas Estaduais, entre outros, tendem a se tornar cada vez mais inteligentes, a partir da utilização mais intensa de Inteligência Artificial e de Data Analytics.

Adicionalmente, com o Blockchain, as Aduanas e os órgãos sanitários e fitossanitários tenderão a estar mais dispostos a intercambiar dados. Dito isso… o que você está esperando para possuir um bom sistema para gerenciar os processos de comércio exterior?

Fontes utilizadas

ICOMEX, FGV. Relatório publicado em julho de 2020.

World Trade Statistical Review, 2020.

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